«Ontem, Lula lançou a TV Brasil Internacional para África e disse que "esta é a minha televisão internacional." Ele não é meu presidente, nem vizinho, nem amigo, que me importam as propriedades dele? Lula também disse: "Nós queremos uma televisão pública que possa mostrar o Brasil lá fora como ele é." Não sou brasileiro, que me importa que se saiba, "lá fora", como o Brasil é? Quero mesmo responder. Que me importa? Importa-me, sim: estou encantado. A TV Brasil Internacional vai transmitir, só em português, sem legendas noutras línguas. Não é como os taxistas de Joanesburgo, que sabem pedacinhos de inglês, pedacinhos de afrikaans, e se vê que não falam, traduzem o que lhes vai na cabeça em xhosa ou zulu, consoante ele for xhosa ou zulu. Não, as transmissões da "televisão de Lula" vão ser em português, aquela que é falada, sem tradução, por qualquer miúdo de Benguela ou de Luanda. Daí o meu encanto. Seja, é televisão de Lula. Seja, é propaganda do Brasil. Mas o que me importa são os dividendos que estou a cobrar. As emissões do Brasil para chegarem ao continente africano passam por cima de São Tomé. A terra natal de Almada Negreiros. O poeta tem um verso sobre o que diz o bebé, ao nascer: "Mãe, vou viajar." Assim está a minha língua, viaja. E eu com ela. » [DN]
Nota: Retirado de O Jumento, com a devida vénia.
quinta-feira, maio 27, 2010
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