Carta do Infante D. Henrique a Cavaco Silva
Senhor presidente da República Portuguesa
A oito dias de perfazer 554 anos de defunção, apesar de os ateus negarem outro mundo para além do que deixei, garanto-lhe que há aquele em que me encontro. Há aqui um defunto recente, de reputação duvidosa, major Silva Pais, excelentemente informado e que prometeu dar-me informações sobre qualquer atividade que eu desenvolvesse.
O Sr. Presidente sabe, por experiência, que um morto não tem atividade, projetos ou ambições mas, como é o único a par de tudo o que se passa em Portugal, aceitei-o como delator-mor. Aprecia muito V. Ex.ª, foi ele que me pediu para o tratar por Excelência, título que os portugueses trocam por outros na ausência e é obrigatório na sua presença.
Disse-me que há aí condecorações, adornos atribuídos na República, mais frequentes do que o título de barão no meu tempo, e que foi imposta uma, com o meu nome, a um plebeu de que Silva Pais me deu excelentes referências.
A princípio surpreendi-me muito com o que dizia o defunto Silva Pais, que a monarquia tinha sido abolida e não espera que, como meu pai, fundador da dinastia de Avis, possa V. Ex.ª iniciar a dinastia de Boliqueime apesar de ter um genro capaz de se governar.
Sei que o plebeu foi útil a Portugal a seguir à Revolução de que V. Ex.ª não foi culpado, é tão anticomunista como eu antimuçulmano e, através do MRPP, com gritos de «morte aos social-fascistas e nem mais um soldado para as colónias», fez pior à democracia do que os patriotas do ELP e do MDLP. Foi aí que ele se tornou o homem dos americanos, amor que lhe deu bons frutos e a que foi fiel. Abençoado!
Não é que um morto se importe, mas gostei de saber que o plebeu Barroso se empenhou na conquista do Iraque como eu na de Ceuta e que fez a Santana Lopes o que eu fiz ao Fernando. Quando pôde fugir para Bruxelas do desastre da sua governação , como eu do de Ceuta, deixou Santana Lopes em Lisboa como eu fiz a meu irmão, em Fez. Deixei-o como refém. A casa de Avis ficou com Ceuta e os mouros com o pio infante.
Sei que o tal Barroso, pajem de V. Ex.ª, depois de Bush e, por fim, da senhora Merkel, o único homem que manda na Europa, quer ser PR, espécie de rei com menos poderes do que o Senhor Meu Pai, que vejo nas caçadas aos anjos e nas reuniões de cortes onde eu o substituo quando ele é solicitado a presidir à defunta Ordem Militar de Avis onde é o defunto Grão Mestre. Sei que o nome persiste numa venera para futebolistas e outos.
Senhor Presidente, usando a honradez dos mortos para com os vivos, informo-o de que não houve a Escola Náutica de Sagres, invenção cristã para denegrir os judeus que me ajudaram nas descobertas. Por isso nunca diga que a sua casa da Coelha fica próxima da Escola de Sagres mas apenas do respetivo promontório.
Se fosse vivo, a venera do Sr. Barroso orgulhar-me-ia, pois só o defunto PM vitalício a recebera de um PR que o Silva Pais diz ter sido tão excelso como V. Ex.ª.
Esperando conhecê-lo em breve, agradeço o uso que faz da venera com o meu nome e deixe os 80% de castelhanos nascidos em Portugal, que o detestam, a ranger os dentes.
Esperando conhecê-lo em breve, agradeço o uso que faz da venera com o meu nome e deixe os 80% de castelhanos nascidos em Portugal, que o detestam, a ranger os dentes.
Saudações do outro mundo.
a) Henrique, o navegador.
Sem comentários:
Enviar um comentário